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Dan

03/10/2009

(EUA) Mais uma tentativa da Indian

Por DANIEL McDERMON
1 de outubro, 2009

A Chief Bomber é um modelo novo desenhado para evocar o estilo das motos da Segunda Guerra

Qualquer um que tenha admirado o perfeito acabamento de uma Indian Chief na qual eu rodei recentemente elogiará a qualidade de sua restauração. Mas a clássica cruiser em questão é, na verdade, um modelo 2009, recém saído da montadora há poucas milhas daqui.

Uma restauração ambiciosa – da Indian, sim, a fábrica – está em andamento, e não é a primeira vez. Desde que a companhia original fechou em 1953, o nome Indian ressurgiu quase tantas fezes quanto “Amor Sem Fronteiras”, mas nunca com resultados tão satisfatórios.

O tipo de motocicleta americana “peso pesado” não é novo, tendo evoluído muito desde sua forma original, cinco ou seis décadas atrás, quando os fabricantes começaram a combinar seus maiores motores V-twin com pedais de comando avançados, guidons estendidos e assentos recuados. Desde então, as cruisers têm representado uma grande fatia do mercado de motos americano e a companhia que representou esse segmento durante a maior parte dessas décadas é a Harley-Davidson.

A Indian agora quer mudar isso, produzindo um punhado de modelos com preços acima da média.

Poucas marcas chegam ao mercado com uma herança tão forte. A primeira motocicleta Indian foi construída em Springfield, Massachussets, em 1901, como a companhia faz questão de frisar, dois anos antes de William S. Harley e os irmãos Davidson terminarem sua primeira moto. Desde 2004 a Indian pertence à Stellican Ltd., uma firma de direitos de propriedade inglesa especializada em recuperar marcas com dificuldades.

Diferente dos empreendimentos sem direcionamento de firmas que se aventuraram fora de suas áreas, a Stellican tem experiência em produtos recreativos de alta qualidade. Em 2001 a empresa comprou a Chris-Craft, e expandiu a linha da luxuosa fabricante de barcos focando a tradição de elegância da marca.

Quando o último esforço de ressuscitar a Indian, em Gilroy, Califórnia, foi por água abaixo após apenas quatro anos de produção, a Stellican adquiriu os bens restantes, incluindo a marca e os direitos de design do modelo top de linha, o Chief.

Os modelos de 2009 indicam que os novos donos da Indian têm um bom entendimento das exigências do mercado. Na estrada, a nova Chief Classic e Chief Roadmaster rodam com toda a graça que pode exibir uma motocicleta que pesa 350 kg. A manobra da moto pode ser comparada à manobra de um búfalo adestrado, o que está de acordo com a identidade de uma grande cruiser americana. É um pouco desajeitada nas curvas, mas ninguém quer levar uma moto dessas a um cânion.

O motor, que está de acordo com as exigências estéticas, produz um coice de potência do 0 a aproximadas 4.000 rpm. A moto não conta com tacômetro, mas a “linha vermelha” chega a 5.200 rpm, mas é improvável que muitos pilotos cheguem a esse limite, pois a vibração do motor cresce de forma notável, e logo desconfortável, acima de 3.000 rpm.

A maneira mais indicada de pilotar a Chief é mudar as marchas rapidamente até a 6º marcha e então manter seu andar com uma aceleração adequada. Os freios são bem dimensionados, com discos Brembo duplo na dianteira e simples na traseira.

A posição de pilotagem é um pouco mais alta do que se esperada em uma moto que poderia cruzar as Grandes Planícies, ao menos para um piloto com mais de 1.80m de altura. Para viagens longas seria ideal que os pés ficassem um pouco mais avançados, mas a configuração do assento e do guidon é perfeita e o painel digital da Chief é fácil de operar, ainda que conte com menos informação do que o esperado para uma moto top de linha. O modelo Chief Standard sai por $25,999, mas com a pintura em duas tonalidades e alguns acessórios decorativos esse preço sobe rapidamente para além dos $30,000.

Os donos da Indian insistem que desta vez o renascimento da companhia será diferente. “Os donos anteriores de Gilroy não focaram as características singulares da marca – usando um motor fora de linha, por enquanto – e quiseram crescer muito rápido”, disse Stephen Julius, presidente da Indian e fundador da Stellican.

Ainda que a nova Chief seja baseada no design do glorioso modelo, Julius quis que a moto se destacasse da massa de cruisers pesadas. A companhia dedicou dois anos e meio ao trabalho de engenharia antes de começar a produção; as primeiras Chiefs 2009 foram para as lojas em Janeiro.

O motor é um pushrod V-twin de 105 polegadas cúbicas com pistões forjados e cilindros com tecnologia Nikasil. Não se deixe enganar pelo seu visual retrô, o motor é equipado com injeção eletrônica e conversor catalítico. As diferenças entre a versão da Chief de Kings Mountain e a versão de Gilroy ficam mais evidentes nos detalhes de acabamento. As tampas de válvulas arredondadas são polidas e as motos são cobertas com couro de alta qualidade. Há cromo suficiente para dispensar os suprimentos de cera dos mais cuidadosos.

Segundo a companhia, o visual das Indians será feito com atenção aos detalhes. “Não somos somente um fabricante de motos, somos um fabricante de produtos de luxo”, diz Julius.

O principal concorrente da Indian é óbvio: “Temos apenas um parâmetro de comparação relevante, que é a Harley-Davidson,” disse Julius. “E no fim das contas nossa referência é: ou nós oferecemos um produto que atrai os donos de motos Harley-Davidson, ou não.”

Chris Bernauer, gerente geral da Indian e veterano nas operações de fabricação da Harley-Davidson — ele comandava a plataforma Sportster — disse que o processo de fabricação da Indian colabora para que seus produtos se consolidem no mercado. Cada moto é montada por uma dupla de homens que trabalham numa área de montagem em formato de ferradura. Em julho a fabricante produziu em média três motos por dia.

O tamanho reduzido da operação ajudará à empresa a se sustentar pelos primeiros anos, disse Steve Heese, presidente da Indian. Sem as despesas de uma grande montadora, a fabricante pode dimensionar melhor a produção e, devido ao fato de se tratar de uma empresa privada, há menos pressão em obter lucros imediatos. “O ponto de equilíbrio de vendas é de 600 a 800 unidades,” diz Heese.

Há várias versões da Chief: Standard, Deluxe, Roadmaster e Vintage, mas as diferenças estão, basicamente, na aparência. O quadro e suspensão são idênticos; as variações são visíveis na pintura, logotipos e outros detalhes. Todos os modelos contam com o ornamento da cabeça do índio, que é a logo marca da Indian, nos pára-lamas, mas os compradores terão que pagar extra para ter a rubrica da Chief de ponta a ponta do pára-lamas.

A fabricante recentemente lançou dois novos modelos, a Dark Horse e a Bomber. A Bomber, cujo estilo evoca os tempos da Segunda Guerra, é um esforço consciente de unir uma máquina nova com os modelos históricos produzidos pela companhia original de Springfield. Há um pouco de ironia nisso, pois os esforços da primeira companhia em construir motos para o exército são, freqüentemente, mencionados como a causa do fracasso da companhia.

Mas a nova Indian Chief não será confundida com aquelas máquinas, até porque será mais fácil vê-las encima de carretas em direção a Sturgis do que debaixo de um veterano.


Fonte: New York Times
Tradução: Dan PRYMUS M.C.

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