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Se o motociclismo é o seu hobby favorito; se ao menos uma vez por semana você precisa reunir-se com seus amigos para um passeio de moto; se você já carregou nas costas o peso dos brasões de vários clubes ou está seriamente pré disposto a arcar com a responsabilidade de formar um novo motoclube; se você passa a semana inteira não aguentando esperar até o sábado para vestir seu colete, ou passa a semana indo trabalhar de carro e não vê a hora de pegar a sua moto no fim de semana; se você é consciente o suficiente para não pegar a estrada com mau tempo ou para não rodar sob efeito de álcool ou entorpecentes; se você exige ser rotulado de "motociclista" ou se você passa mais tempo em frente ao computador do que sobre duas rodas, e isso te incomoda... desculpe, seu lugar definitivamente não é aqui e talvez você se sinta desconfortável sabendo que para nós você não passa de um elo fraco dessa corrente. Portanto, meu conselho... IGNORE ESTE BLOG!

Dan

30/08/2009

Criatividade Atrás Das Grades

THOMASTON, Maine—"Neptune's ride" está exibida na vitrine da loja da Penitenciaria Estadual de Maine em Thomaston - E.U.A., a uma hora de Portland. Entalhada em Madeira a escultura apresenta Netuno como um biker grande, forte, de barba longa, sem camisa e vestindo blue jeans. Em uma mão ele segura o guidon da chopper e na outra seu tridente. Na garupa, sentada de lado, uma voluptuosa sereia de longos cabelos estrategicamente caídos sobre os seios e uma cauda que dá um ar “praieiro” à escultura.

Uma escultura grande – Se Netuno estivesse em pé ele mediria 1.95 m de altura. É um trabalho em madeira realmente impressionante. A moto é entalhada nos mínimos detalhes, com um motor Harley-Davidson, escapamentos e um tanque de gasolina custom pintado em tonalidades de laranja, amarelo e azul. Mas o mero fato dessa escultura existir já é algo impressionante e uma prova da criatividade do governo do estado de Maine, levando em conta as limitações dos programas penitenciários em muitos outros estados.

Lojas de Penitenciárias não são algo novo. A maioria dos estados tem programas que empregam internos na produção de placas de veículos, roupas e mobília. As fábricas são severamente regulamentadas, ou “algemadas”, como prefere chamar Bob Walden, o gerente das Indústrias Penitenciarias do Maine, por leis federais e estaduais. Uma lei federal que vem da época da depressão impede as penitenciarias de fazer parte do comercio interestadual: Elas não podem enviar itens fabricados em prisões para outros estados. Em muitos estados as leis especificam que apenas escolas públicas e agências do governo podem comprar objetos fabricados nas prisões.

Essas regras mostram certa ambivalência no que diz respeito ao trabalho na prisão. As companhias privadas e os sindicatos temem concorrência injusta. Alguns grupos a favor dos direitos humanos temem exploração, enquanto outros grupos defendem que o trabalho faz parte da reabilitação do interno. Muitas das fábricas em presídios tentam se auto-sustentar, pagando salários, manutenção e utilidades do lucro gerado pelas vendas. Dependendo da grade de pagamentos, os salários dos internos são destinados a pagar indenizações, colaborações de apoio a crianças e um percentual é depositado nas contas particulares de cada interno.
O Maine é um dos poucos estados em que os objetos feitos nos presídios são vendidos diretamente ao consumidor final, que tem que se deslocar à loja, pagar à vista em dinheiro.

O programa enfatiza produtos feitos à mão, diferente dos programas penitenciários de muitos outros estados, que produzem mobília em escala comercial. A cada ano, 30 ou 40 conceitos de produtos são abandonados e são criados novos. O gerente Walden diz que os internos têm idéias para novos produtos com muita freqüência.
A loja está aberta sete dias por semana e durante o ano inteiro, com exceção do Dia de Ação de Graças, Natal, Ano Novo e dois dias para balanço anual em Janeiro. Com 914.4 metros quadrados, a loja tem espaço suficiente para exibir os 600 produtos diferentes produzidos pelos internos, muitos dos quais residem em presídios de segurança máxima. Tábuas de carne, entalhes em madeira, caixas de jóias, miniaturas de carros, caminhões, trens e embarcações enchem as prateleiras. Também são produzidos todos os tipos de mobília de madeira. Os preços vão desde um par de dólares até centenas deles, dependendo da peça.

Walden diz que há um projeto para ampliar a loja para uma área de 3048 metros quadrados, o que daria acesso mais fácil a ônibus. Ele planejava exibir "Neptune's Ride," obra do interno Rod Whitten, baseada numa pintura de David Mann, permanentemente no centro da loja, mas uma contenção de gastos adiou esse sonho. A crise também representa uma baixa nas vendas, o que também quer dizer que menos internos podem participar do programa. Em épocas boas de 130 a 140 internos trabalham. Hoje eles são 100, com uma fila de espera de 200.

Não é fácil um detento ser aceito no programa. Ele deve ter um histórico disciplinar limpo e provas de que ele segue seu programa de reabilitação (presença nas aulas de contenção de raiva, etc.). Os internos que se enquadram no perfil devem passar por cursos de segurança no trabalho e somente se aprovados eles serão designados a uma função e poderão fazer produtos.

A loja existe desde a década de 1930 e sempre foi destinada a internos com penas longas. Walden diz que os agentes podem ensinar manufatura de mobília, mas cabe aos internos passar adiante habilidades como entalhe em madeira e fabricação de barcos. Um grande desafio é manter a contagem das ferramentas. Apesar dos internos trabalharem em turnos de três horas, somente a passagem pelos detectores de metais, medida tomada para que as ferramentas permaneçam na fábrica, leva uma hora, sendo assim, eles tem apenas duas horas para trabalhar. O salário deles é, em média, de 2 dólares por hora.

A obra "Neptune's Ride" nasceu há seis anos, numa visita do administrador do Christa McAuliffe Center na Universidade Estadual Framingham. Ele viu os modelos de barcos altamente elaborados e teve a idéia de uma miniatura em escala do foguete espacial Challenger. A loja não fabricava peças personalizadas, mas abriu uma exceção e o interno Rod Whitten concordou em entalhar a peça. Seu sucesso nesse projeto levou a um segundo modelo do Challenger, este já com medidas de 1,80 m de altura por 1,20 m de largura e que hoje está exibida no saguão do planetário em Concord, estado de New Hampshire. Depois veio um Mars Rover de 2.89 m feito sobre uma base de mogno. Mas a obra prima de Whitten é "Neptune's Ride."

Whitten recebeu sua liberdade há alguns meses e Bob Walden espera que ele utilize as habilidades que ele levou aperfeiçoou na marcenaria da penitenciaria para ter sucesso na vida fora da prisão.
No presídio, a fábrica de objetos em madeira tem um papel importante em manter a ordem e na motivação dos internos. Como diz Walden: “Eles trabalham duro, tem orgulho do que fazem e tem um incentivo à criatividade”.

Fonte: WorldMag.com
Tradução: Dan PRYMUS M.C.

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