ATENÇÃO

Se o motociclismo é o seu hobby favorito; se ao menos uma vez por semana você precisa reunir-se com seus amigos para um passeio de moto; se você já carregou nas costas o peso dos brasões de vários clubes ou está seriamente pré disposto a arcar com a responsabilidade de formar um novo motoclube; se você passa a semana inteira não aguentando esperar até o sábado para vestir seu colete, ou passa a semana indo trabalhar de carro e não vê a hora de pegar a sua moto no fim de semana; se você é consciente o suficiente para não pegar a estrada com mau tempo ou para não rodar sob efeito de álcool ou entorpecentes; se você exige ser rotulado de "motociclista" ou se você passa mais tempo em frente ao computador do que sobre duas rodas, e isso te incomoda... desculpe, seu lugar definitivamente não é aqui e talvez você se sinta desconfortável sabendo que para nós você não passa de um elo fraco dessa corrente. Portanto, meu conselho... IGNORE ESTE BLOG!

Dan

05/01/2009

Rodar numa moto não é mais o que costumava ser

Por James (Deuce ) Bronder

Envelhecer é mais do que ter cabelos brancos. O desejo melancólico por reviver o passado, ou "Nostalgia", como é mais conhecido, também faz parte do processo de envelhecimento.

Eu não consigo deixar de lamentar o desaparecimento do que o motociclismo foi um dia. Naqueles tempos nós partiríamos numa viagem de noite somente com um cobertor e uma barraca e enroladas no cobertor, um par de garrafas de cerveja e um pedaço de carne seca. Metade das vezes não havia destino, não havia mapas. Se tratava apenas de pegar uma estrada, qualquer estrada, eventualmente você iria parar em algum lugar. E com tantos dias na estrada é óbvio que não tínhamos chuveiro, somente os córregos ou a pia de algum posto de gasolina. O que você vestia quando partiu é o que você estaria vestindo ao voltar pra casa. Os amigos que fiz, as aventuras e as paisagens que vi ainda estão em minhas lembranças.

Hoje são feitas reservas com antecipação em hotéis, mas só depois de procurar na internet para ter certeza de que tem piscina, banheira e frigobar no quarto, massagista e drinks na varanda.

A primeira coisa que vai na bagagem é o cartão de crédito, seguido pelo GPS para que eles não se percam e possam encontrar o caminho de volta pra casa. Então vai o laptop, câmera digital, bermudas, secadores e roupas variadas. Não mencionei o celular porque é algo óbvio e tenho visto tantos que parecem ter implantado o aparelho nas suas orelhas, acho que para não correr o risco de perdê-lo.

Os fabricantes de motos também parecem ter entendido que os bikers do passado se foram. Os racks de bagagem foram reduzidos a itens decorativos sem espaço nem para alforges, quem dirá para uma caixa de cervejas. Na verdade muitas motos já vem sem o bagageiro tradicional.

Quando há sissy bar ele não é grande o suficiente para segurar o garupa na moto, quem dirá uma lona e um cobertor juntos.

O que realmente me dá nauseas é que você pode acessar a internet da sua moto, jogar joguinhos nela, erguer pára-brisas elétricos com um botão e, entre outras coisas, a moto te cumprimenta quando você senta nela. Há mais coisas que eles põem nas motos, mas eu preciso parar antes que eu começe a chorar.

Eu deveria ter sido um cowboy. Pelo menos eles permaneceram fiéis ao seu estilo de vida. O cavalo deles não foi vítima da mesma vergonha da moto, ele ainda tem quatro patas e o mecanismo usado para conduzí-lo permaneceu o mesmo por centenas de anos. Você ainda pode amarrar um cobertor e uma capa de chuva nele, ele ainda utiliza o mesmo combustível e, até onde eu sei, ninguém tentou fazer ele falar com você nem pôr air bag nele.

Os cowboys ainda são respeitados e não foi tentado tirar-lhes a sua liberdade. Eles podem usar chapéu, bandana ou capacete, se eles quiserem, e nunca foram enquadrados em leis anti-gangues. Diferente da nova geração de motociclistas, eles aprendem a cavalgar seus cavalos e cuidar deles. Eles gostam da vida sobre um cavalo, e é por isso que você não verá um cowboy falando no celular. E se vir, pode apostar que é um poser da cidade.

Não é mais possível identificar um biker pela linha preta horizontal feita pelo óleo que espirra da corrente, agora o negócio são cardãs e correias.

Eu sinto profundo pesar pelos novos bikers que não curtiram a estrada do jeito que ela costumava ser. Creio que minha nostalgia se transformou em melancolia.

Cada geração curte o que faz e o jeito como faz, certamente eu não posso lhes negar isso. Eu imagino que num futuro, quando eles estiverem velhos, eles se sentirão tristes pelos jovens petulantes que, sem nem rodas em suas motos, levitarão por sobre a cidade e terão robôs para estacionar para eles.

Eu somente tenho uma coisa a pedir em nome de nós grisalhos: Se tiver que usar o seu celular, GPS, computador, sua moto que fala com você ou se tiver que mandar um e-mail solicitando peças para a concessionária, tenha a gentileza de fazer isso longe de nossas vistas.

Que vocês rodem por muito tempo.


James (Deuce) Bronder

Tradução: Dan PRYMUS M.C. O Verdadeiro Espírito

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